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quarta-feira, 16 de abril de 2008

Criança

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O Gabriel era perguntador.
Também queria sempre mostrar tudo:
do desenho novo ao ventilador;
- Tira a mão daí Gabriel!
Adorava decorar as canções de desenho animado;
era a alegria dos seus pais:
acordava as 6 da manhã no sábado!
me pegava pela mão pra contar a notícia nova :
da aventura de chegar na casa da tia,
passava uma hora de pura trova;
(e numa linguagem que ninguém entendia )
mas não é porque ele tinha só três aninhos;
ele era diferente...
Gabriel voava - diziam os vizinhos.
Nunca acreditei muito nessa história...
(mania de gente grande que não acredita mais em nada)
até ver o pequeno rezando;
Ele não falava como os adultos
porque o papai-do-céu lhe fez especial:
de dia escondia as bonitas asas
e de noite se transformava em anjinho.

J.C.

Café na casa do poeta




Ar

preciso respirar

(Quem sabe um copo a mais de vinho)

uma risada a mais no bar;

uma noite a mais de lua cheia

não me verão sozinho,

nunca...

(talvez desenhando)

e só!

tomando café com creme

mas mesmo assim

todos sempre estão comigo

curiosos a me olhar...

desejam sempre saber

antes do desenho terminar

peço uma bossa nova

Ouço a canção

último gole no café,

e mostro o desenho ao garçom:

ohhhhhhhh...

quanto deu? (como se já não soubesse)

até sexta que vem! (pensamos juntos)

Não tenho mais Happy hour

estou desempregado

não verão mais meus hidrocores

nem rabiscos de nanquim...

(toquem uma bossa por mim!)

Agora me afogo nos meus amores

um para cada dia da semana

cada moça me dizendo sim

vou a estado de falência...

cerveja, vinho, café, nanquim

chego em casa e tudo o que quero é

Ar

não quero mais vinho

nem cerveja nem bar

talvez uma canção Hare Krishna

um espaço pra meditar

quero jogar tudo fora

pego papel, caneta e uma canção de Vinícius

(Pode ser aquela que chora)

E a vida acaba em poesia

em verso

em prosa

tudo igual a café passado

só é bom

se for agora.


J.C.

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