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domingo, 23 de novembro de 2008

O Nevoeiro


Stephen King voltou a fazer bons filmes. Também, fazia tempo que estava nos devendo...
Ele que prima pelo suspense/terror, desta vez resolveu descer profundamente na alma humana em "O Nevoeiro", provocando a seguinte pergunta: até que ponto somos humanos descendo no mais fundo de nosso ser?

Me refiro ao estado de desespero ou medo de uma pessoa, causado neste filme por uma situação crítica (mesmo que sem muita explicação). O fato de uma determinada área ou região ter sido invadida por um nevoeiro sabe-se lá de onde, com insetos gigantes e carnívoros (também não se sabe de onde vindos) não é tão importante, pois o ponto central é o medo que esta situação gerou em um determinado grupo de pessoas trancadas dentro de um supermercado.

Ele analisa cada um dos comportamentos, coloca à mostra a capacidade escondida de cada um, a coragem que existe ou mesmo a falta dela, a ponto de um dos líderes do grupo preferir enfrentar os monstros na rua do que continuar dentro do supermercado, e conclui: "só precisamos da polícia e do governo porque não sabemos ser civilizados".
Não deixa de ser uma parte da verdade...

O desfecho do filme é incrível, como a muito não se via, e mostra os heróis - definidos por algumas virtudes como honra, coragem, sensatez e sensibilidade - aos quais nos ligamos, sendo derrotados pelos nossos dois inimigos mais fortes: A falta de esperança e o medo.

Bom para pensar na importância de mantermos sempre nossa esperança e coragem afiadas...

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Mãos da Terra

Este post é mais uma reverência que eu presto à semana da consciência negra.

O ápice desta semana é a lembrança do dia que morreu Zumbi dos Palmares, ícone da resistência negra à escravidão, celebrado neste 20 de novembro.

Fui com dois amigos fotógrafos (Ricardo Fabrello e Luciana Borba) ver de perto (e clicar) a vida simples dos quilombolas que vivem em Mostardas e também tivemos a honra de celebrar com eles o dia da colheita do arroz quilombola, uma semente originária da África, introduzida aqui pelo professor da UFRGS Sebastião Pinheiro, em conjunto com a ONG Guayí.


O arroz quilombola na verdade existe aqui desde antes do arroz branco, mas foi proibido para privilegiar o nosso tradicional arroz asiático, que em comparação com o quilombola, perde em vários quesitos. O arroz quilombola é mais resistente às pragas, não precisa de agrotóxico, é plantado com adubo orgânico, rico em nutrientes e fibras, enquanto que o grão branco recebe toda a carga do processo industrial que nos entrega uma semente morta e cheia de veneno.

Não gosto de ter caráter panfletário, apenas peço que as pessoas que lerem este post pensem mais no que entra na mesa e dar oportunidade ao que é mais saudável e produzido de forma responsável.

O resultado da visita, além das amizades que fizemos nas comunidades quilombolas, é uma exposição fotográfica no Trensurb (Estação Mercado - Porto Alegre) que vai do dia 19 de novembro ao dia 20 de dezembro de 2008 retratando uma fração da vida destas pessoas e seu trabalho em ótima harmonia com a terra.





Da esquerda para direita:
Jeferson Camargo, Luciana Borba, Ricardo Fabrello










Salve Zumbi! Salve Ganga Zumba!
...

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Da lata a foto e toda a nossa arte

As oficinas de foto na lata são sempre muito empolgantes pra mim. Vejo nos olhos das pessoas o brilho do olhar de uma criança desmontando um brinquedo novo.
Aliás... que graça tem um brinquedo novo se a criança não pode interagir com ele, ver como funciona?
Entro na faculdade de design com a veia criativa pronta pra trabalhar e saio com paixão pela fotografia, os processos de gravação da luz e a necessidade de mostrar pro mundo que cada um o vê de forma diferente.
Já tive turmas com mais de vinte pessoas e hoje vejo que o ideal é no máximo dez mesmo. Aí você consegue explicar e atender cada um com a dedicação necessária...




Deixo a vocês um pouquinho da conversa que aconteceu na última semana acadêmica de design no UniRitter (2008), sobre luz, tempo, montagem da lata e outras coisas relacionadas ao processo de fotografia Estenopeica ou Pinhole, ou também conhecida como foto na lata.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A américa do norte agora usa Black Power

Eis que ele chegou. Sim. Parece quase inacreditável.
Depois de séculos de opressão, escravatura, pobreza e discriminação, um representante negro está no topo do mundo.

Torci muito pelo Obama porque sempre imaginei a Hillary Clinton como uma espécie de Yeda ou Marta Suplicy dos norte-americanos.

Não vou nem estender comentários aqui sobre os concorrentes do Obama à presidência porque acho que não merecem sequer míseras linhas neste blog.

Aliás, o que dizer da vice-presidente do John MacCain, que já foi governadora do Alaska, e promoveu o saqueamento da reserva
Wildlife Refuge a fim de incentivar o "desenvolvimento" da região? Lembro também que as focas do Alaska continuam sendo mortas da maneira mais cruel possível para que suas peles enfeitem o pescoço das socialites.

Sem falar que ela mesma tem como esporte a caça, ou seja, ela vai para o meio do mato e mata meia dúzia de animais selvagens a fim de aliviar a frustração íntima.

Obama diz que está chegando com a "mudança". Espero que a mudança comece pelo respeito pelo meio ambiente, algo que o país que o elegeu nunca teve. Já é um grande salto para uma sociedade tão cheia de preconceitos e pudores eleger um representante de uma classe segregada.

Sem querer ser negativista, uma coisa me preocupa nessa enorme onda de esperança que invade o mundo: A mudança que Obama teve que fazer nos seu discurso e nas suas atitudes para se eleger.

Comecemos pela igreja que ele gostava tanto e teve que abandonar, depois o fato de ele estar vestindo uma roupa somali com turbante e já dizerem que o cara era muçulmano. ( ele teve que afirmar e reiterar até o último instante que era cristão ) E se fosse realmente de outra religião não-cristã? qual o problema?

Só pra ter noção da ferocidade do eleitorado americano, ele teve que esconder que tinha frequentado escolas muçulmanas logo que sua mãe se casou com um indonésio, mas mesmo assim desenterraram isso e usaram contra ele.
Muita coisa teve que ser renegada e desdita pelo novo presidente para agradar uma população composta em sua maioria de puritanos e presbiterianos.

Dá até para pensar que é a reprise de um filme que eu já vi.
Sinopse: Um grande líder, metalúrgico, com grandes ideais que se elegeu sob o slogan " a esperança venceu o medo" mas que durante a trajetória até o poder teve que abandonar muita coisa para ceder à furia de uma sociedade capitalista.
O resultado: ele chega ao topo como um personagem "paz e amor" e passadas as eleições começam as concessões: cargos distribuídos à revelia, acordos escusos, escândalos que "não foram vistos", loteamento da floresta amazônica, impostos sufocantes e por aí vai...
E lá se vão os ideais da esquerda... sob a máscara está um populista que fez muito menos do que deveria ter feito...

Não gosto de filme reprisado, a não ser que seja muito bom é claro. E não é este o caso.

Barack, espero que não se deixe abalar pela pressão da massa raivosa, e como diria a banda Cidade Negra em sua antiga formação: "Negro no Poder!"

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