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sábado, 26 de dezembro de 2009

Da cachoeira à caminhada



Do alto vê-se melhor o que acontece...

A caminhada pelo morro São João durou aproximadamente 45 minutos; tempo suficiente para constatar algumas coisas:

1- Como alguém se destina a ficar um fim de semana em casa, na frente da tv, olhando um mico de circo falador e mal-educado, que grita o tempo inteiro e interrompe as pessoas, ao invés de fazer qualquer outra coisa, como respirar o ar puro que vem das árvores e dar uma bela caminhada desintoxicante?

2 - Como o a temperatura dentro da mata é refrigerada!!! é como você estar dentro do mais perfeito e puro regulador de temperatura... e os caras lá na Europa discutindo como resolver o efeito estufa e a solução bem debaixo de todos os nossos narizes;



3 - Como o som que se ouve na mata é diferente! animais e pássaros se mexem o tempo inteiro... é o som que se ouve, junto com o farfalhar das folhas; não faça caaminhadas por lugares com mata usando fones de ouvido, por favor;

4 - Do cume do morro vê-se claramente que falta sanidade mental e espiritual às construtoras devoradoras de mata virgem e à sociedade que permite uma vasta paisagem de blocos quentes de cimento onde vivemos;

5 - A descida é beeeemmm melhor que a subida... heheh

Completo assim a terceira coisa que eu queria fazer em Montenegro e uma bela revitalização no organismo físico, mental e espiritual antes de acabar 2009.
Um conselho: saiam dos seus casulos de concreto e vivam mais o ambiente natural...

abraços e até logo

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Religare




Eu tenho uma convicção. Estamos apartados da terra, separados dela como se fosse um ente maligno; um filho ingrato que rejeita quem o criou e que o sustenta.

Nos fechamos nos nossos blocos de concreto, usamos roupas que nos  isolam do ambiente e do chão; tomamos água engarrafa  em plástico, fechamos as janelas para respirar o ar viciado do condicionador, comemos algo que se parece pão mas de tantos produtos químicos, está muito distante da origem; tomamos algo que se parece leite, mas que há muito tempo deixou de ser...


A natureza apovora muitos, tanto que quando alguém vai construir, geralmente solicita a "limpeza" do terreno antes, o que neste caso significa exterminar com queimada ou uma escavadeira, toda e qualquer forma de vida do local; animais e plantas. Não se pode ter o menor risco de insetos, plantas que não se conhece ou formas de vida que representem "ameaça" aos novos humanos moradores do local.

Quando vamos à praia, não é possível mais simplesmente relaxar ao natural e aproveitar; é preciso um isopor cheio de cerveja ou coquetéis que façam a pessoa descontrair e tirar ela da sua própria companhia. É como visitar um parente que more fora da cidade e fique bêbado o tempo inteiro, não permitindo uma comunicação saudável entre você e a pessoa.

Sugiro uma coisa a você em 2010: ponha os pés na grama, vá à praia sem se embebedar, relaxe naturalmente, faça companhia para você mesmo, ouça seus pensamentos; e se eles forem muitos e apressados ou preocupados, apenas observe eles como se fossem nuvens passando no céu... Procure não se apartar muito da natureza em sua alimentação, consuma coisas que estejam o mais próximo possível da origem: a terra.

Coloco no ar a foto do meu contato, o meu religare (que significa reconexão, a palavra em latim que dá origem a palavra religião em português), a minha forma de reencontrar a terra, pois reconectar-se à terra nada mais é do que uma religião, que deveria ser universalizada entre todos nós.

bom natal e feliz 2010 a todos.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

As crianças ainda tomam banho de chuva

  

Apesar de todas as mudanças que vivenciamos no mundo, do medo e histeria mundial, as crianças ainda tomam banho de chuva no verão.
     A cena das primeiras crianças descalças, sob a forte chuva de um final de domingo, já era esperada, pois a temperatura abaixo do logotipo do canal de tv, mostrava quase 40 graus.
     Já era esperada, mas nem tanto. São tempos onde a chuva é sinal de enchente e desabamento em muitos lugares, fazendo do pranto coletivo o astro dos noticiários do dia seguinte. É o pranto e a histeria, e nada mais. Nenhuma instrução ou alento, nem mesmo alguma promessa de ter aprendido com o erro ou algo que garanta respeito à natureza e à vida.
      O COP15 era pra garantir que consertaríamos o rombo no casco da nossa embarcação, mas a cena toda foi constrangedora. Ao invés de tripulação de um mesmo barco, Copenhague se tranformou num grande circo, e os palhaços possuíam um humor negro terrível: Soltaram um bando de rinocerontes sobre o público que assistia impacientemente o circo pegar fogo.
      Enquanto as pessoas eram pisoteadas do lado de fora, no picadeiro os palhaços brincavam de dedo no olho, chute no traseiro, torta na cara, telefone no ouvido e rasteira.  
      O resumo do espetáculo é que as chamas comsumiram a lona do circo, os palhaços fugiram e o público não achou graça nenhuma.
      Salvar o planeta não é tarefa fácil, ainda mais quando deixamos nas mãos de pessoas irresponsáveis e megalomaníacas  por poder.Quando é que as pessoas vão se dar conta do valor que tem cada pequeno ato? Desde o toco de cigarro no chão, passando pelo lixo de casa não separado, a compra irresponsável no supermercado de itens com embalagens não recicláveis, até o consumo de carne, financiando a destruição da floresta amazônica...  
      É... já passou da hora de jogarmos a responsabilidade sobre os ombros dos governantes do mundo...Ou você acha que o dinheiro dos seus impostos pagará a sua passagem para depois do derretimento das calotas polares?
     Se você ainda está na roda viva de trabalho e consumo sem prestar atenção à sua volta e agindo mecanicamente sem responsabilidade, é bom que você incorpore colete salva-vidas ao seu belo terninho ou troque seu creme pós-banho e essências perfumadas por um portetor solar fator 50 a ser aplicado todos os dias de manhã antes de sair para o trabalho.
      Aqui onde eu moro tenho visto descargas de raios como nunca vi antes; também a força dos ventos estão realmente assustadoras e, talvez por isso, as crianças que saem para rua nas chuvas fortes estejam escassas.
     Mas o calor de hoje as fez enfrentarem a instabilidade desses tempos loucos; talvez a necessidade de refrescar-se tenha sido maior que o medo e as recomendações gerais.Talvez no último instante, quando as altas temperaturas estiverem derretendo tudo, ouçamos propostas verdadeiras e promessas muito mais generosas, que ecoem como o som dos muitos passos de crianças nas poças dágua.
      Talvez estas mesmas crianças com vontade de refrescar-se herdem o problema que enfrentamos, mas estejam despidas da fantasia de burocratas para resolvê-lo.

Experimentando sabores

Cara, o que importa nessa vida é ser bom!

Antes achava apenas que ser do bem era tudo... mas não.

Você passa a vida inteira perseguindo coisas: a mulher ideal, o estilo de vida ideal, os amigos ideais e acaba descobrindo que as coisas acabam fugindo de suas mãos simplesmente porque você não as pode reter.

É quando a vida te dá um golpe. Desmorona todo teu castelo - de cartas ou tijolos - tanto faz...

Aí você percebe que tudo é transitório (e é) e procura transcender a efemeridade mundana tentando consertar as coisas erradas à sua volta, se doando ao máximo e olvidando seus próprios problemas. Pronto: você é um cara do bem!

É quando você mesmo se dá um golpe. A estrada rígida de tijolos amarelos que você andava, se abre a seus pés... Você acaba de descobrir que não é o Superman, muito menos Mahatma Ghandi e que a sua verdade não é tão verdade; você quer mudar o mundo, mas não aceita ele quando é preciso mais compreender do que ser do bem...

Pronto! Nada mais é regra. Nada mais rege tua cabeça: todas as filosofias são vãs. É época de perder-se, permitir-se tudo apesar da falta que você sente de um caminho delimitador.

Compreensão é a palavra. Abre diversas portas, permite ver mais de perto as mazelas - as suas e as do mundo. Não há condenação nem culpa. É como se você tivesse mais de mil pernas a trilharem todos os caminhos possíveis, e já não é mais possível saber em qual destino chegar.

É como se você andasse ao acaso, dormindo ao relento; simplesmente vivendo um dia após o outro esperando chegar no resultado da soma de todas as suas experiências...

Dá para fazer diversas analogias neste momento, mas como a química envolvida no preparo de uma receita me atrai deveras, prefiro comparar a vida na terra a uma cozinha farta de todos os ingredientes possíveis -e você é o cozinheiro.

Prove todos os temperos e sabores que puder, mas só coloque na sua receita aquilo que seu paladar achar mais saboroso (atenção nesta hora pois o resultado final você vai ter que engolir sendo doce, amargo, salgado, ou delicioso), mas não se limite: permita-se experimentar. Não se contente com apenas algumas provas -boas ou ruins - quanto mais você experimentar, melhor cozinheiro você será...

Vá colocando na panela, sentindo o cheiro, cozinhando, provando...

Não pense em cozinhar para agradar os outros, 90% da sua receita é você que vai saborear - os outros podem até experimentar, mas não muito, pois eles têm a própria mistura para digerir.

Mais do que cuidar o que os outros estão preparando atente-se ao que você está fazendo, não copie.

A palavra chave de todos os livros de receita é atenção. Este ingrediente dá certo qualquer mistura.

Se o seu resultado for bom, você cumpriu a sua missão. Alimentou a si mesmo e pode dividir com todos aqueles que carregam apenas um copo do caldo amargo que decidiram fazer para si próprios.

Ser do bem é uma consequência de ser bom.

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